... Só agora, e descomprometidamente, vou procurar dinamizar este espaço, o qual não foi criado, apenas, para deixar imagens dos meus quadros; há, também, a intenção de passar a texto algumas ideias de carácter diverso; algumas de pendor marcadamente político, não porque procure que assim seja, mas porque aquilo de que falarei, boa parte das vezes, há-de entroncar no modo como a Sociedade, políticamente, se organiza. É que mesmo que me mantenha na abordagem a questões ligadas ao fenómeno cultural e artítico, como poderá ver-se, a questão é... política.
Resta-me anunciar que não voto nem tenho partido. Não por qualquer preconceito, mas porque não acredito —segue-se a primeira abordagem, comemorada que tem estado a ser o Centenário da República Portuguesa:
… Por que me pedirias a libertação das paisagens, das composições e das figuras descomprometidas; sugeririas o abandono do meu mundo, e me esperarias inócuo, se, fora dele, o redor me parece não valer muito?...
Sou, como sabes, pouco dado a celebrações, à euforia das celebrações, porque os dramas esperam-nos, a cada passo. As coisas acontecem e eu prefiro olhá-las como algo que vem ou não vem a preceito, podendo, até, registá-las com indiferença, mesmo porque não vejo o que justifique ser celebrado, e em evidência, clara, sobrem a adolescência e a perversão como personagens únicas e primeiras de textos elegíacos, porque não há, por ora, mais do que a tristeza e –vá lá!...– a comiseração, porque resulta em dó o sentimento inspirado pelos que são ingénuos e pelos que são perversos; os que não conseguem evitar nem a gula nem as aflições…
Heróis de quê???!!!...
Que mar, ó mar!, tem sido mais obstáculo do que a incompetência?... Ergue-se o mar e os abismos desconhecidos para se louvar, em cortejo fúnebre e feérico que não estanca, as naus que trocaram as voltas à realidade de um Povo com direito, simples e complexo, à compra do imaginário; ao qual, por mais que proteste e engula, o lenho não passa da memória nem da garganta, aventando-se –quem sabe?– a hipótese de os pinheiros serem os responsáveis, porque, num país em que tudo se faz pela rama e na delonga das inquirições, se não houvesse toros, os mares teriam ficado por navegar, e os limites talvez aconselhassem ou mesmo impusessem que se tratasse da educação e das infra-estruturas, e não houvesse a inflamação das amígdalas, pelo roço das velas –não tem nada de erótico!
Aliás, gostaria de saber, do próprio D. Diniz, qual a intenção e a culpa; se os pinhais eram para suster as areias ou se para tornarem o mundo mais perto… Agora é tarde, para lhe perguntar e conhecer o que teve o homem a ver com isso, porque as monarquias estão cheias de bobos que se servem delas, e porque a ingenuidade e a perversão existem em todos os regimes, tão-só porque, como anormalidades dos humanos, são humanas, e Portugal é a ilustração perfeita que me poupa as palavras, embora eu as gaste, na procura de garantir que se perceba o mar, profundo e largo, como o excesso… para um país cujo destino parece ser superficial e estreito, viciado na estupidez, na burla e na segregação –que segregação?!… De tudo o que não é estúpido.
… Monarquia ou República?!...
Já estou de regresso ao meu mundo… às paisagens, às composições e às figuras descomprometidas…
Gostei muito. Adorei a sua pintura.Tive muita pena de não estar presente ne sessão de sábado passdo. Foi uma honra conhecê-lo pessoalmente. Vou seguir o seu percurso.
ResponderEliminarCeleste Marques
(celestemarques47@gmail.com)
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ResponderEliminarPeço desculpa, Celeste, por só agora responder, mas já não vinha aqui, há muito tempo.
ResponderEliminarObrigado, pelas suas palavras, porque é sempre bom, quando o nosso trabalho entusiasma :-)
Sempre que tiver algum projecto, darei notícias, por e-mail.
Abraço e obrigado